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terça-feira, 29 de abril de 2025
PROFESSORES EM GREVE
DEFESA: ALGUNS MINISTROS INSISTEM!
O ministro relator, Alexandre de Moraes não se dobrou, considerou protelatório o recurso, e foi seguido pelos ministros Edson Fachin, Flávio Dino, Cármen Lúcia, Roberto Barroso e Luiz Fux. O vai-e-vem desse processo teve, em 2019, requerimento da então Procuradora, Raquel Dodge, que pediu a pena para o ex-presidente de 22 anos, oito meses e 20 dias. Em outubro, o ministro Edson Fachin, que estava como relator, advertiu a Corte da possibilidade de prescrição, caso não fosse pautado o julgamento. Depois dos sucessivos adiamentos e julgamentos de embargos, o ministro Alexandre de Moraes rejeitou mais um dos embargos e emitiu mandado de prisão imediata do ex-presidente.
CORRUPÇÃO NO INSS
Entre os anos de 2019 e 2024, os benefícios descontados do INSS, por várias associações, alcançaram o valor de R$ 6,3 bilhões, passível de apuração sobre o montante da ilegalidade nesses descontos. O jornal Folha de São Paulo apontou "fundados indícios de lavagem de dinheiro", originadas de diretores e procuradores da Contag. Stefanutto publicou nota na qual "reafirma a sua inocência e declara que no curso da investigação será comprovada a manifesta ausência de qualquer participação nos ilícitos investigados". A Contag solicitou ao INSS desbloqueio em massa de descontos, considerando que relatório da Polícia Federal, assegurava que "os beneficiários estavam enfrentando dificuldades para fazer a autorização por meio do sistema do instituto". Anteriormente, as áreas técnica e jurídica informaram sobre a "impossibilidade desse desbloqueio em lote", segundo informa a Polícia Federal. Na sequência, Stafanutto liberou o desbloqueio, permitindo descontos em 34.487 benefícios. O pior de tudo é que os argumentos para desbloqueio "não condizem com a realidade tática", segundo os investigadores, em auditoria interna.
PEDIDA REVOGAÇÃO DA CIDADANIA DE MUSK
Acerca da revogação da cidadania de Musk recorre-se à legislação canadense, que permite a cassação em casos de fraude, informações falsas na solicitação de imigração ou ameaça à segurança nacional. Não se registra anulação da cidadania por razões políticas ou alinhamentos ideológicos. É permitida a renúncia voluntária, hipótese que não foi indicada por Musk. De qualquer forma, foi registrado o pedido de revogação da cidadania de Musk e caberá ao governo decidir sobre o assunto. Especialistas entendem ser muito difícil essa providência. Uma especialista em imigração e cidadania na Universidade da Colúmbia, Irene Bloemraad, em entrevista ao Washington declarou: "mesmo que a petição atinja milhões de assinaturas, o governo não pode simplesmente revogar a cidadania de uma pessoa".
MANCHETES DE ALGUNS JORNAIS DE HOJE, 29/4/2025
CORREIO BRAZILIENSE - BRASÍLIA/DF
Apagão "massivo" afeta toda a Península
Ibérica e tem reflexos na Europa
Pane elétrica atinge vários países europeus deixando população no escuro
e afetando operações de aeroportos, ferrovias e metrô
O GLOBO - RIO DE JANEIRO/RJ
Crise nas aposentadorias
o que a PF já descobriu sobre a fraude no INSS
Ex-diretores do INSS receberam R$ 17 milhões de associações investigadas
FOLHA DE SÃO PAULO - SÃO PAULO/SP
Aprovação a governo Trump cai nos primeiros cem dias, mesmo em temas como economia e imigração
Presidente registra pior marca de início de mandato entre os líderes da história moderna, inclusive em áreas-chave da gestão
TRIBUNA DA BAHIA - SALVADOR/BA
PDT ameaça romper com governo caso
Lula demita Carlos Lupi
Líder do partido na Câmara diz que saída de Lupi da Previdência
equivaleria a "demitir o PDT"; ministro enfrenta desgaste
por fraudes bilionárias no INSS, mas nega omissão
CORREIO DO POVO - PORTO ALEGRE/RS
Auditoria do INSS aponta 1,9 milhão de
pedidos para excluir descontos indevidos
Demanda acaba por impactar na fila de espera por benefícios
DIÁRIO DE NOTÍCIAS - LISBOA/PT
Apagão. Situação normalizada nos hospitais e no metro, mas ainda há cancelamentos e atrasos nos voos
Siga aqui os principais desenvolvimentos sobre o apagão que afetou, nesta segunda-feira, Portugal e Espanha. Os dois países estão a retomar os serviços de forma gradual.
segunda-feira, 28 de abril de 2025
RADAR JUDICIAL
DOCUMENTO DE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
Um documento elaborado com auxílio de inteligência artificial foi apresentado pela defesa de um réu, pronunciado pelo Tribunal do Júri, mas a 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná não conheceu do recurso. Juntou-se 43 precedentes jurídicos inexistentes. O relator, desembargador Gamaliel Sema Scaff, assegurou que foram citados desembargadores que não existem na Corte, a exemplo de Fábio André Munhoz e João Augusto Simões, além de processos com numeração claramente fictícias, como 1234-56 e 3456-78. Nenhum dos julgados do STJ e do STF mencionados, são merecedores de fé, mas prestaram-se para "induzir o colegiado em erro ou fazer troça. Nenhuma hipótese é boa ou justificável". A Corte não conheceu o recurso.
JUIZ: 269 DEPÓSITOS SEM ORIGEM
A desembargadora Nilza Maria Pôssas de Carvalho, vice-presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, negou seguimento a recurso, protocolado pelo juiz aposentado compulsoriamente, Wendell Karielli Guedes, em 2015. O magistrado foi aposentado compulsoriamente em 2015, porque não comprovou a origem de 269 depósitos bancários, totalizando R$ 588,7 mil. O magistrado declarou que sua defesa foi prejudicada, porque seus argumentos não foram analisados em recurso anterior, no qual há acusação de enriquecimento ilícito. A vice-presidente do Tribunal transcreveu trecho do entendimento anterior para comprovar que não houve "novas acusações". Wendell foi punido porque transformou seu gabinete em "balcão de negócios", com venda de sentenças entre os anos de 2004 e 2007. O CNJ manteve a pena, em recurso de 2021.
MP RECOMENDA ANULAÇÃO DE CONCURSO
O Ministério Público da Bahia, através da promotora Verena Aguiar Silveira, da 3ª Promotoria de Santo Estevão, recomendou ao município de Santo Estevão anulação de processo seletivo simplificado, visando contratação de profissionais da educação no Regime Especial de Direito Administrativo, REDA. O fundamento é de que houve várias irregularidades, a exemplo de falta de transparência na composição da banca examinadora, no transporte e na guarda das provas por agente público com interesse direto no resultado, além de outros. Junto a isso o fato de que o município possui concurso público válido para os mesmos cargos, tornando ilegal a contratação pelo REDA.
TRUMP: REJEIÇÃO
Nos 100 dias de mandato, a comemorar nesta semana, o presidente Donald Trump aparece com a maior rejeição entre os presidentes, nesses últimos 80 anos, no período de início de governo. O Instituto IPSOS, em pesquisa encomendada pelo Washington Post e emissora ABC Net, publicada no domingo, 27, aponta que Trump é aprovado por somente 39% dos entrevistados. O instituo ouviu 2.464 eleitores adultos, entre 18 e 22 de abril. Trump é aprovado por 39%; desaprovado por 55% e não sabem ou não responderam, 5%. A margem de erro é de 2 pontos para mais ou para menos. Sobre a economia, 73% dos norte-americanos classificam como ruim e 53% dizem que a economia piorou no governo Trump. O percentual de 62% assegura que os preços estão subindo e sobre as tarifas de importação, 71% dos entrevistados acreditam que ainda essa medida vai piorar a inflação.
Salvador, 28 de abril de 2025.
LOBISTA PODERÁ FAZER ACORDO DE COLABORAÇÃO PREMIADA
Na prisão de Andreson, em novembro, o ministro Cristiano Zanin, assegura que as investigações da Polícia Federal "descortinaram" indício de que o lobista tem com contatos com magistrados, assessores de ministros do STJ e integrantes dos Tribunais de Justiça. O ministro escreveu que "consideráveis elementos apontando no sentido de que andreson de oliveira gonçalves tinha função decisiva de comando e ingerência no contexto de suposto esquema de venda de decisões judiciais e de informações processuais privilegiadas, que envolveria, em tese, intermediadores, advogados e servidores públicos". Em março, o ministro Zanin transferiu Andreson para Brasília, como garantia da sua segurança. Andreson enfrenta investigação sobre lavagem de dinheiro. É que seu patrimônio teve aumento de 3.052% entre os anos de 2014 e 2015. São investigados pela Polícia Federal os gabinetes dos ministros Og Fernandes, Isabel Gallotti, Nancy Andrighi e Paulo Moura Ribeiro, sem atingir os ministros.
SAIU EM O ANTAGONISTA
A ressignificação da toga
Ministros do STF transformaram símbolo tradicional de impessoalidade e imparcialidade em um adereço para ostentar poder

Barroso, Gilmar e Dias Toffoli. Fotos: Antonio Agusto e Rosinei Coutinho Flickr/STF
A toga, criada ainda na Roma Antiga, começou a ser usada nos tribunais da Idade Média como um símbolo de impessoalidade e imparcialidade.
A mensagem era que, uma vez que o juiz a vestia, ele deixava de ser a pessoa que todos conheciam e passava a julgar os casos de maneira neutra, baseado apenas nas leis.
Foi adotada, portanto, para ser usada como um uniforme, que elimina os traços pessoais — dos ombros até o calcanhar — e valoriza a função dos que a usam, no caso, a de juiz.
Ainda é assim em vários países do mundo.
A foto abaixo é do Tribunal Constitucional Federal da Alemanha.

Tribunal Constitucional da Alemanha. Foto: Alliance/dpa
Basta comparar a imagem acima com a montagem de fotos desta nota para ver que Brasil e Alemanha estão em planetas diferentes.
O que os ministros do Supremo Tribunal Federal fizeram foi desvirtuar a função original.
Ou, talvez, eles tenham "ressignificado" a toga, para usar uma palavra da moda.
Em vez de ser um símbolo de impessoalidade e imparcialidade, os nossos magistrados transformaram a toga em um adereço qualquer, que eles usam como bem entendem.
Afinal, ninguém vai dizer para eles como devem usar a toga.
Os ministros do STF estão acima de tudo e de todos.
Se eles querem usar a toga como se fosse uma toalha em cima do ombro, não há quem possa detê-los. São intocáveis.
Se querem mostrar orgulhosos o terno caro que compraram durante um evento jurídico no exterior com empresários brasileiros, não há quem os possa impedir.
Se querem usar a toga como se fosse uma capa de super-homem, os fotógrafos correm para escolher o melhor ângulo.
Foi o que fez o deslumbrado fotógrafo Fábio Setti, que trabalhou para a revista americana The New Yorker.
Ao fotografar o ministro Alexandre de Moraes, Setti teve até o cuidado de colocar um fundo vermelho no fundo, em uma das opções de seu ensaio (depois apagado das redes sociais).
"Sob um fundo vermelho vivo, Alexandre de Moraes faz um movimento com a toga esvoaçante, está com os olhos fechados e a boca levemente aberta. Parece embriagado com o poder excessivo que lhe foi dado nos últimos anos", escreveu Josias Teófilo em uma coluna para Crusoé.
A maneira como os ministros do STF usam da toga é um reflexo do protagonismo excessivo da Corte, em que os juízes fazem o que bem entendem. Até mesmo cantar em festa abraçado com político.
ESTADO É OBRIGADO A NOMEAR
O juiz Pedro Rogério Godinho escreveu na sentença: "Tais casos, consubstanciam hipóteses de inconstitucionalidades e ilegalidades que saltam aos olhos, posto que o vínculo contratual tido como emergencial, se prorroga no tempo de forma indefinida, confessando, portanto, o Demandado (Estado da Bahia), da efetiva necessidade do profissional atuando como Procurador do Estado, de forma permanente, impossibilitando a utilização do contrato REDA em situação continuada, assemelhando-se assim verdadeira nomeação, sem realização de certame". Adiante: "Por conseguinte, as exceções indicadas consubstanciam práticas vedadas em nosso ordenamento pátrio, as quais violam gravemente princípios basilares do nosso sistema constitucional como a legalidade, impessoalidade, moralidade e o acesso ao funcionalismo público, uma vez que o cargo e a carreira de Procurador Jurídico estava sendo ocupada por agentes que não realizaram o respectivo concurso público". O magistrado assegurou que o Estado deverá nomear e dar posse a 37 candidatos no cadastrado de reserva.
ADI: LIMITE DE HONORÁRIOS
A lei paranaense invadiu a competência privativa da União, fixada no art. 22 da Constituição, além de afrontar os parágrafos 1º e 4º do art. 24 da Constituição; todos eles conferem à União para definir normas gerais no âmbito de legislações concorrentes, além de garantir que essas normas gerais anulem as leis estaduais que as contrariem. A Advocacia-geral da União manifestou favoravelmente ao pedido da ANAPE e a Procuradoria-geral da República defendendo a norma estadual, entendendo que não há invasão de competência, porque a norma busca atrair contribuintes ao Refis. O ministro André Mendonça citou julgamento da ADI 7.014, quando o tribunal considerou usurpação de lei paranaense, porque matéria de competência privativa da União. O ministro reproduziu parte do voto do ministro Edson Fachin: "Acha-se consolidada na jurisprudência desta Corte a ideia de que os honorários compõem a remuneração de determinadas carreiras públicas, sujeitando-se, assim, ao teto constitucional".
OAB: PROIBIÇÃO DE CELULARES
MANCHETES DE ALGUNS JORNAIS DE HOJE, 28/4/2025
CORREIO BRAZILIENSE - BRASÍLIA/DF
Análise: Brasil ficou ingovernável com a anomalia chamada governo congressual
O deslocamento do poder de mando sobre a agenda de políticas públicas e a gestão orçamentária virou o presidencialismo de coalizão de ponta-cabeça
O GLOBO - RIO DE JANEIRO/RJ
‘Avisei Lupi dos problemas no INSS e ele nada fez’, diz ex-conselheira de órgão gestor da Previdência
Ministro alega que outras pessoas também o procuraram, mas eram necessários 'fatos concretos'
FOLHA DE SÃO PAULO - SÃO PAULO/SP
Hegemonia católica no Brasil deve acabar até a próxima década, aponta projeção
Religião apostólica romana deve seguir tendência histórica de queda e ser ultrapassada por evangelicalismo até 2032
TRIBUNA DA BAHIA - SALVADOR/BA
Marçal recebe nova condenação de
inelegibilidade e é multado em R$ 420 mil
O empresário, acusado de impulsionar irregularmente a campanha
nas redes sociais e descumprir decisão judicial, recebeu
nova inelegibilidade de oito anos
CORREIO DO POVO - PORTO ALEGRE/RS
Homem é preso em flagrante tentando roubar
armas do Museu da FEB em Caxias do Sul
Ele tentava furtar três metralhadoras, dois fuzis e um sabre
DIÁRIO DE NOTÍCIAS - LISBOA/PT
"Reconhecimento internacional" dos territórios ocupados "é imperativo" para negociar com Kiev, diz Moscovo
domingo, 27 de abril de 2025
RADAR JUDICIAL
ATÉ QUE ENFIM, MINISTRO DECIDE
Até que enfim, o ministro Gilmar Mendes, do STF, desconfiou e desistiu de levar a julgamento no plenário físico, sobre a prisão do ex-presidente Fernando Collor de Mello. Mendes queria suspender o julgamento, apresentando destaque, para levar para o plenário físico o julgamento da manutenção da prisão, mas a maioria votou para manter a prisão do criminoso Collor, que está preso desde a sexta-feira, 25. Votaram para manter a prisão os ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Edson Fachin, Luis Roberto Barroso, Cármen Lúcia e Dias Toffoli. Faltam os votos dos ministros Luiz Fux, Kassio Nunes Marques e André Mendonça, que não mudará a decisão final. O ministro Cristiano Zanin declarou-se impedido.
EX-PRESIDENTES PRESOS NO BRASIL
Fernando Collor de Mello, preso por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, tornou-se o terceiro ex-presidente preso nesses últimos 40 anos. Nesse período, oito foram os Presidentes eleitos, sendo que três deles foram presos. Em 230 anos de sucessões presidenciais, os Estados Unidos não tiveram nenhum presidente preso. Os ex-presidente do Brasil, que foram presos, responderam ou eram acusados de corrupção. O ex-presidente Michel Temer esteve durante nove dias em prisão cautelar, no ano de 2019; o presidente Luiz Inácio Lula da Silva permaneceu na prisão por 580 dias, em cela especial na Polícia Federal de Curitiba. O terceiro, Fernando Collor de Mello, está preso porque condenado a 8 anos e 10 meses de reclusão. Jair Bolsonaro poderá tornar-se o quarto ex-presidente preso, pela prática de vários crimes, entre os quais, conspiração contra a democracia no país.
PASTOR É DEMITIDO
O pastor Valdinei Ferreira foi demitido da Faculdade de Teologia da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil, FATIPI, sob fundamento de ele ter publicado um artigo, sob o título "Judas traiu Jesus ou Jesus Traiu Judas". Ferreira assegura que houve exploração com a hipótese de que ele teria considerado Jesus o traidor. A Fundação Eduardo Carlos Pereira, mantenedora da FATIPI, em nota, diz que o pastor foi excluído depois de avaliação regular sobre seu trabalho e as publicações "são de responsabilidade exclusive de seus autores". No texto do artigo, Ferreira trata Judas Iscariotes como "o maior vilão da história" e "o amigo que traiu Jesus com um beijo".
AMEAÇA A DEPUTADO: ABSOLVIÇÃO
A 3ª Turma Recursal da Seção Judiciária do Distrito Federal manteve a absolvição de um homem acusado de ameaçar o deputado federal Arthur Lira e de injuriar um atendente de telemarketing da Câmara dos Deputados. Os alegados delitos aconteceram em outubro/2021, através de telefonema do réu no serviço 0800 da Câmara. O juiz federal Francisco Alexandre Ribeiro escreveu na sentença: "A gravação da ligação revela um episódio de destempero e indignação, sem promessa concreta de mal injusto contra Arthur Lira, tampouco evidência suficiente de lesão à honra do atendente". O magistrado assegurou que "como profissional de atendimento ao público, deveria estar habituado a lidar com situações de conflito verbal.
TRATAMENTO ODONTOLÓGICO
Uma paciente submeteu-se a procedimento ortodôntico para correção dentário, através de aparelho fixo. O tratamento demorou por dois anos e, em junho/2017, observou que tinha algo errado com o tratamento, porque não teve os resultados esperados. A mulher sentia dores e o quadro estético piorou. A sentença do juízo da 6ª Vara Cível da Comarca de Uberlândia julgou parcialmente procedente a ação, no sentido de condenar na indenização por danos materiais, estéticos e morais, por tratamento malsucedido. Em recurso a 20ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais deu parcial provimento ao recurso do centro odontológico, uma clínica conveniada e uma dentista. A turma manteve boa parte da sentença, no sentido de condenar as apelantes a custear as despesas com o tratamento para correção dos problemas realizados, a pagar indenização por danos morais de R$ 10 mil, mas retirou da relação a dentista, porque apenas técnica, e não era responsável pelo tratamento.
Campinas/SP, 27 de abril de 2025.
SAIU NA FOLHA DE SÃO PAULO
Quem vai cuidar de mim? Preocupação com futuro atinge mulheres com e sem filhos
Especialista aponta que Estado deve providenciar serviços para mitigar desigualdades de gênero e classe
"Acho que o primeiro e mais importante a se dizer sobre o futuro é que eu não tenho pretensão de ter filhos. E geralmente existe uma ideia de que no futuro os filhos cuidam dos pais, né?", diz a atriz Ana Hikari, 30.
Ana não é uma exceção: cada vez menos pessoas estão decidindo ter filhos, principalmente mulheres. É o que mostram as tendências globais de fecundidade, que, segundo o OWD (Our World in Data), ligado à Universidade de Oxford, caíram pela metade nos últimos 60 anos.
Tampouco o Brasil foge a essa regra. Em 1950, a taxa de fecundidade no país, calculada com a média de bebês nascidos vivos por mulher, era de 6,12, de acordo com o OWD. Em 2023, a mesma média caiu para 1,62.
Essa queda, combinada ao envelhecimento da população, passarou a preocupar governos e autoridades das mais variadas matizes políticas ao redor do mundo. Há a preocupação com os sistemas previdenciários, com a reposição da força de trabalho e até com uma suposta "transição racial" da população em alguns discursos de cunho eugenista que instam mulheres brancas a terem mais filhos.

No meio de debates sérios sobre a existência de uma "crise do cuidado"e propostas esdrúxulas, como a criação de uma medalha de honra para mulheres com mais de seis filhos —uma das ações avaliadas pelo governo de Donald Trump nos Estados Unidos—, está um contingente cada vez maior de pessoas, como Ana, lidando com a questão: quem vai cuidar de mim no futuro?
"Eu, até uns anos atrás, tinha uma ideia de que ia morrer cedo e estava ótima com esse pensamento, porque, para mim, é apavorante pensar na minha perda de autonomia" afirma Ana. Ela diz que hoje cuida da mãe, que tem 70 anos e passa por problemas de saúde, mas não pensa em ter filhos pensando nesse tipo de ajuda no futuro. "Se um dia eu decidir ter, não quero que seja isso que esteja na minha cabeça."
A atriz planeja uma velhice com amigos e tenta se programar com controle financeiro e cuidados com o corpo. "Eu tenho tudo resolvido, até seguro funerário pago. Se morrer amanhã, está tudo pronto", brinca.
O planejamento financeiro para a velhice não é uma preocupação apenas daqueles que não têm filhos. A diretora de marketing Denise Crispim, 46, e a filha, Sofia, 19, estudante universitária, têm cada vez mais conversas sobre o futuro.
No caso delas, a questão é viabilizar o cuidado a longo prazo para as duas, porque Sofia tem paralisia cerebral grave e precisa de cuidados para realizar tarefas do dia a dia. "Eu me preparo trabalhando muito, porque cuidado é muito caro e eu penso que preciso ter uma reserva financeira para a velhice tanto para mim quanto para a Sofia", diz Denise.
Ela diz que para as duas a questão do cuidado ficou mais presente nos últimos anos. "Eu comecei a pensar mais sobre isso depois dos 45, quando o corpo já começou a não responder da mesma maneira que antes, comecei a me sentir mais cansada", afirma. "E a Sofia, às vezes, fala sobre como ela queria depender menos de mim."
Denise é confiante de que Sofia se virará bem no futuro porque juntas sempre trabalharam a autonomia da estudante. "Eu nunca, por exemplo, escolhi a roupa dela. Eu ajudava a vestir, mas as escolhas são dela", diz. "Eu também espero que até eu ficar idosa ela já tenha uma estabilidade financeira própria, da carreira dela."
A mãe sabe, porém, que essa pode não ser possível para a maior parte das pessoas com deficiência grave — dados do IBGE mostram que uma em cada quatro pessoas com deficiência acima dos 25 anos não completou o ensino médio, e quase 20% é analfabeta.
"E o cuidado acaba caindo muito para as mulheres da família, e criando essa angústia como é que será o futuro, quando elas não só não conseguirem prover o cuidado, mas precisarem dele também", diz Denise.
A realidade é que a maior parte dos brasileiros não tem como arcar com o preço de serviços de cuidado no mercado privado.
A Folha pesquisou orçamentos de casas de repouso para idosos em São Paulo. No bairro do Tremembé, na zona norte, é possível achar acomodação a partir de R$ 3.500 ao mês —quase duas vezes o valor de um salário mínimo. Já em zonas mais centrais e ricas da cidade, como os Jardins, o preço de um quarto individual pode chegar a R$ 16 mil mensais. Serviços de cuidador em casa, em empresas especializadas, também ultrapassam R$ 10 mil mensais.
"Eu não tenho dinheiro para ter uma cuidadora, e já tenho dificuldades motoras. Não sei como vai ser no futuro", diz a engenheira civil Odete Santos, 66. "Eu já tenho que olhar se onde eu vou tem escada, por exemplo, e não consigo mais tomar banho em pé", conta ela.
Odete tem um filho de 19 anos, mas diz que "é uma carga muito grande" pensar em responsabilizá-lo por seu cuidado. "Ele vai abrir mão da vida dele para cuidar de mim?"
Para a consultora de políticas públicas Lívia Merlim, que é especialista em gênero e cuidado pela London School of Economics, o Estado precisa providenciar serviços de cuidado para mitigar essas desigualdades de renda e gênero, tirando a questão do âmbito familiar —ou seja, de quem é capaz de receber cuidados de parentes, ou ter planejamento financeiro para comprar cuidado no mercado.
"Todo mundo vai precisar de cuidados em algum momento da vida, mas não necessariamente todos vão ser cuidados da maneira que deveriam ou da maneira que necessitariam de cuidados", afirma.
Ela defende que a Política Nacional de Cuidados, sancionada em dezembro, é um primeiro passo para que haja um melhor fornecimento desses serviços de forma isonômica. As ações concretas para a implementação da política ainda não foram divulgadas pelo governo federal.
A consultora também aponta para outra questão: ao mesmo tempo que serviços de cuidado pagos são caros demais para a maior parte da população, a força de trabalho que atua neles, majoritariamente feminina e negra, tem poucos direitos e remuneração baixa.
"É um enorme volume de trabalho que é feito todos os dias, principalmente por mulheres, especificamente mulheres negras, um trabalho que não é reconhecido e que não é valorizado", diz.