A China divulgou discurso do embaixador Xie Feng, em Washington, defendendo a retomada da cooperação agrícola com os EUA, especialmente no comércio de soja. Ele lembrou que, no passado, metade da soja americana exportada era vendida para a China, mas no primeiro semestre de 2024 houve queda de 51%. Xie atribuiu a retração às tarifas impostas por Donald Trump, que aumentaram o protecionismo e prejudicaram a parceria. A Associação Americana de Soja também pressionou Trump, após a China fechar contratos com o Brasil. Hoje, cerca de 70% da soja importada pelos chineses vem do Brasil, maior fornecedor do grão. A guerra comercial abriu espaço para produtos agrícolas brasileiros, como soja, carne suína e frango. Enquanto isso, negociações incluem também a Boeing, que pode voltar a vender aviões ao mercado chinês após anos de restrição.
O Banco Central deve divulgar em breve regras para o Pix Parcelado, que transforma o pagamento instantâneo em crédito sujeito a juros. Instituições já oferecem versões próprias, mas muitas funcionam como empréstimos disfarçados. Sem padronização, surgem modalidades com parcelas variáveis, prazos diferentes e armadilhas nos aplicativos. Educadores financeiros alertam para os riscos da contratação imediata sem comparação de taxas ou simulação de custos. A regulação deve incluir o direito de arrependimento em sete dias, como já previsto no CDC. O uso do Pix como empréstimo pode banalizar o crédito, com dívidas contraídas até em gastos cotidianos. Com 77 milhões de inadimplentes, o risco de superendividamento aumenta. Sem regras claras, a inovação pode virar mais uma armadilha financeira.
A PGR tem até quarta-feira (27/8) para se manifestar no inquérito que investiga Jair Bolsonaro. O prazo foi aberto após a defesa negar ao STF plano de fuga para a Argentina. A resposta dos advogados foi entregue na sexta-feira (22), alegando “vazios de indícios”. O procurador-geral Paulo Gonet avaliará se os esclarecimentos afastam suspeitas da PF. As investigações se intensificaram após a descoberta de minuta sobre pedido de asilo a Javier Milei. Bolsonaro cumpre prisão domiciliar desde 4 de agosto por descumprir medidas cautelares. A defesa prepara recurso contra a decisão de Alexandre de Moraes. O julgamento por tentativa de golpe está marcado para setembro e pode levar a 40 anos de prisão.
BOLSONARO PODERÁ COMPARECER AO JULGAMENTO
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) avalia se comparecerá ao julgamento da trama golpista no STF, previsto para 2 a 12 de setembro. Ele gostaria de enfrentar ministros que considera adversários, mas aliados citam riscos ligados à sua saúde frágil. A presença é vista como gesto político de força, embora dependa de autorização do relator Alexandre de Moraes, já que está em prisão domiciliar. Bolsonaro enfrenta crises de soluço, refluxo e hipertensão, o que preocupa aliados. Caso vá, repetiria gesto feito em março, quando surpreendeu ao aparecer na corte. Se optar por não ir, assistirá às sessões de casa, em Brasília. O clima é de tensão, e visitas à sua residência estão restritas. Paralelamente, a PF indiciou Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro por obstrução de Justiça, ampliando pressões políticas.
SANÇÕES CONTRA MORAES SÃO QUESTIONÁVEIS
Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo inflamaram nas redes a expectativa de sanções americanas contra Alexandre de Moraes. Para a jurista Jean Galbraith, aplicar punições de fato exige esforço e levanta questões legais, sendo provável que a pressão seja mais um alerta do que ação concreta. Medidas como retirar o Brasil do Swift seriam agressivas demais e com repercussões globais. Casos anteriores mostram que os EUA avançam mais lentamente que sua retórica. A punição a Moraes, via IEEPA e Lei Magnitsky, é vista como interpretação ampla e agressiva, funcionando como tiro de advertência. Ações mais duras exigiriam capital e governança, algo difícil no atual cenário. Bancos e atores privados ficam em dilema diante de legislações conflitantes. Para Galbraith, as sanções são questionáveis e sua aplicação nas cortes americanas encontra barreiras jurídicas.
Salvador, 25 de agosto de 2025.
Antonio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados.
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