Tarcísio sai do armário e se entrega à política golpista
Na tentativa de se cacifar na extrema direita, governador de São Paulo acaba com a fantasia de 'bolsonarista moderado'
Se restava alguma dúvida, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, tem dado renovadas demonstrações de seu alinhamento à extrema direita, juntando-se à ralé ideológica e moral bolsonarista, com direito ao que há de mais abjeto no centrão.
Nos últimos dias, em busca de se cacifar com os radicais, tendo em vista a ausência de Bolsonaro em 2026, o governador saiu do armário e rasgou a fantasia de que seria um improvável "bolsonarista moderado". No afã de agradar os seguidores de seu demiurgo, Tarcísio não tem feito por menos: declarou que, se eleito presidente, seu primeiro ato de governo (atenção, o primeiro!) será conceder indulto ao capitão golpista; afirmou também, em declaração alarmante, que não confia na Justiça brasileira (o que lhe valeu até um vexatório sabão em editorial do vetusto jornal O Estado de S. Paulo); engajou-se, ainda, na aventura de aprovar no Congresso um golpe contra a Justiça e a Constituição com a proposta delirante de uma "anistia ampla, geral e irrestrita".
Note-se que o mandatário já havia feito o papel ridículo de posar em suas redes sociais com o boné de Donald Trump; a seguir, em novo sinal de subordinação, rastejou diante do presidente dos EUA, em apoio às sanções tarifárias impostas ao Brasil.
Tarcísio conta com as indisfarçáveis simpatias de setores majoritários do mercado e do empresariado, com as suas correspondentes redes e câmaras de eco na opinião pública. São segmentos influentes que, em seu desespero para impedir novo mandato de Lula, topam tudo —o lixo golpista— por dinheiro. No caso, privatizações e corte de despesas sociais, com o objetivo de consumar um projeto de ajuste fiscal custeado pelos mais pobres.
O governante, como se sabe, não tem experiência política digna de nota e mal conhecia o estado. Foi um poste indicado por Jair Bolsonaro para pegar os paulistas. No governo, enfrenta dificuldades na segurança pública, que registra, entre outros problemas, uma disparada de mortes provocadas por policiais.
É também acossado por um escândalo de corrupção de grandes proporções na Fazenda estadual, e tem patinado na área educacional, com resultados medianos e a obsessão de instalar escolas cívico-militares como referência. Quanto a isso, aliás, o mandatário viu há pouco o TCE frustrar suas tentativas de usar verbas da Educação para pagamento de policiais militares, o que caracteriza desvio de finalidade. A fiscalização também apontou a inexistência de estudos prévios de impacto orçamentário e financeiro.
Errático, o personagem joga com dissimulações. Ora insinua que será postulante ao Planalto, ora que tentará de novo o Bandeirantes. Apesar da crescente movimentação do centrão para que se lance na campanha nacional, as incertezas no horizonte não são pequenas. Tarcísio corre o risco, em cenário periclitante, de perder a corrida presidencial e ver um adversário triunfar em São Paulo. Já pensou?
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