Há dez anos, em 12 de dezembro de 2015, 195 países aprovaram o Acordo de Paris na COP21, após intensa articulação diplomática francesa. O pacto mudou a percepção global sobre a crise climática ao estabelecer metas e parâmetros para limitar o aquecimento “bem abaixo de 2°C”, com esforços para 1,5°C, além da obrigação de publicar metas nacionais (NDCs). Também consolidou o princípio de “responsabilidades comuns, porém diferenciadas”. Uma década depois, os dados mostram que o planeta segue rumo a 2,3°C–2,5°C até 2100. As emissões continuam crescendo, tornando provável o “overshooting”, quando o limite de 1,5°C só poderia ser perseguido com emissões negativas em larga escala — ainda inviáveis. Sem o acordo, porém, o mundo estaria no rumo de 3,9°C. A COP21 ocorreu semanas após os ataques terroristas em Paris. Hollande manteve o evento para demonstrar unidade, e mais de 150 líderes foram à abertura. A França estruturou uma operação sem precedentes, inclusive adotando a prática africana das “indabas” para destravar impasses. Um dos maiores debates envolveu o limite de 1,5°C, defendido por países vulneráveis. Para viabilizar consenso, os franceses criaram a redação “bem abaixo de 2°C”, com esforços pelo 1,5°C, aprovada apesar da oposição saudita.
O texto final enfrentou ainda uma disputa de última hora devido ao uso de “devem” em vez de “deveriam” em obrigações de países ricos. A solução encontrada foi alegar erro de digitação. Dez anos depois, o balanço é misto: o acordo impulsionou avanços econômicos e tecnológicos, mas não garantiu metas vinculativas e nem reduções suficientes. O aquecimento segue longe do controle e eventos extremos se intensificam. No ranking climático, a Dinamarca ocupa a melhor posição disponível (4ª); o Brasil aparece em 27º, e a Arábia Saudita, que não publicou sua NDC, está em último
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