O tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a produtos brasileiros reduziu em 67% os embarques de cafés especiais do Brasil para a América do Norte. A sobretaxa de 50% entrou em vigor em agosto, após o anúncio em julho, e fez as vendas gerais do país caírem 16,5% naquele mês e 20,3% em setembro. Os EUA, que costumavam importar cerca de 2 milhões das 10 milhões de sacas exportadas anualmente pelo Brasil, viram as remessas mensais de cafés finos caírem de 150 mil para 50 mil sacas. Esses cafés, os mais valorizados do país, têm a saca de 60 quilos acima de R$ 3 mil, segundo produtores que participaram da Semana Internacional do Café, em Belo Horizonte. "O impacto foi dramático, porque estamos falando de uma redução de 67% dos embarques de cafés de alto valor agregado", disse Vinícius Estrela, diretor da BSCA. Ele afirmou que importadores esperam que a tarifa seja resolvida e, por isso, têm atrasado embarques enquanto consomem estoques.
Estrela considera o momento “delicado”, mas vê positivamente as negociações entre os governos brasileiro e norte-americano. “Se o acordo tardar, o Brasil pode perder parte do mercado americano e abrir espaço para cafés da Colômbia, Panamá, Etiópia, Quênia e Indonésia.” Para minimizar perdas, exportadores têm dividido os custos com compradores dos EUA. A Três Corações, por exemplo, reduziu preços e manteve as exportações. Segundo Celírio Inácio da Silva, diretor da Abic, é urgente rever as tarifas. Ele defende que o café seja negociado separadamente dos demais produtos atingidos, como sinal de boa vontade entre os dois países.

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