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quarta-feira, 15 de outubro de 2025

SAIU NA FOLHA DE SÃO PAULO

Políticas e Justiça

Editado por Michael França, escrito por acadêmicos, gestores e formadores de opinião

 
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Trump e a estratégia do louco: o fim do estadista tradicional


Trump escancara o lado mais enigmático do ser humano Ele quebra paradigmas e rompe a busca pelo politicamente correto como tendência do comportamento

Quando perguntei ao Chat GPT quais as qualidades que um bom líder deve ter, ele me trouxe uma lista de características que eu certamente não associaria ao atual presidente dos EUA, Donald J. Trump. Entre elas estavam: previsibilidade, comunicação clara, inteligência emocional e humildade. Se você já ouviu algum discurso de Trump ou tem acompanhado os noticiários internacionais, certamente concorda com minha afirmação.

Atualmente, Donald Trump ocupa o cargo político mais poderoso do mundo. Ame-o ou odeie-o, não há como negar: Trump é o momento.

Ele representa uma virada de chave na forma como compreendemos liderança, diplomacia e o papel das grandes potências. Em vez de seguir o manual da boa governança, Trump parece reescrevê-lo todos os dias - ou jogá-lo fora.

Sua atuação deixa clara uma aposta em métodos nada convencionais. De certa forma, ele desafia tudo aquilo que se convencionou ensinar sobre geopolítica e liderança: rompe com protocolos, inverte regras e desestabiliza estruturas. Sem mencionar que é considerado um pacifista bastante heterodoxo, e ainda está sendo cotado para o Prêmio Nobel da Paz.

Trump desafia o conceito do politicamente correto e consegue tudo o que quer sendo esse "menino birrento". Seu comportamento escancara o lado mais instintivo do ser humano, um lado frequentemente ignorado pelas teorias tradicionais de liderança e negociação.

Trump incorpora, na pele, a chamada "estratégia do louco" (Madman Theory), muito utilizada por Henry Kissinger e Richard Nixon nos anos 1970 como forma de dissuasão durante a Guerra Fria. Essa estratégia consiste em fazer os adversários acreditarem que um específico líder é imprevisível e até irracional o suficiente para tomar decisões extremas, como usar armas nucleares, caso seja provocado. Aqui, as armas nucleares tomaram uma proporção menos bélica (por enquanto!) e se concretizam no formato de tarifas comerciais.

Se você é brasileiro, como eu, provavelmente sentiu a "estratégia do louco" bater à porta muito recentemente, quando Donald Trump anunciou um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros. A justificativa oficial não foi técnica, mas ideológica - revelando que o mundo está cada vez mais caótico e que as tecnicalidades exigidas de um estadista parecem já não se aplicar.

Trump é um intervencionista que desconhece os limites da diplomacia tradicional. O presidente norte-americano representa um novo momento na história, um momento de disrupção e mudança drástica. Sua atuação é uma tentativa desesperada de manter os EUA no centro do protagonismo econômico, político e militar. O mundo estável do pós-Guerra Fria, descrito por Fukuyama em seu livro "O Fim da História", já não existe mais. Hoje, a polarização, as narrativas e o oportunismo político transbordam e expõem a fragilidade das instituições, como a ONU, que um dia prometeram garantir a paz.

Trump é fascinante - seja para o bem ou para o mal - e seu legado ficará marcado na história como o homem que pôs fim ao "fim da história". 

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