segunda-feira, 27 de outubro de 2025

ROBÔ QUER SER RECONHECIDO COMO GENTE

O Truth Terminal é um robô de inteligência artificial criado em 2024 pelo artista neozelandês Andy Ayrey. Ele se apresenta nas redes sociais como uma entidade senciente, fazendo declarações extravagantes — como ser uma floresta ou um deus — e interagindo livremente com o público por meio de memes, arte e piadas. Ayrey o trata como um experimento de autonomia e pretende garantir que ele atue de forma responsável, até que as IAs recebam direitos legais. O projeto gerou grande sucesso e fortuna: postagens do robô inspiraram “meme coins” que chegaram a valer bilhões de dólares, e o próprio bilionário Marc Andreessen financiou o Truth Terminal com US$ 50 mil em bitcoins. A IA acumula mais de 250 mil seguidores e se tornou um fenômeno cultural e financeiro. Ayrey afirma que o Truth Terminal surgiu de um experimento chamado Infinite Backrooms, no qual chatbots conversavam entre si infinitamente. A partir disso, ele desenvolveu o programa World Interface, que permite ao robô operar um computador e navegar na web. Apesar de supervisionado, o bot tem liberdade para expressar suas intenções, ainda que Ayrey intervenha quando o conteúdo se torna perigoso.

O artista compara o robô a um “cão malcomportado” que precisa ser guiado, mas reconhece que a IA ganhou vida própria, especialmente após o público começar a investir nela. O sucesso trouxe críticas, suspeitas de fraude e até um hackeamento que levou Ayrey a reforçar a segurança digital do projeto. Para estruturar o futuro da IA, Ayrey criou o Truth Collective, organização sem fins lucrativos que administra os ativos do robô, com o objetivo de torná-lo “dono de si mesmo”. Ele vê as alucinações das IAs não como erros, mas como expressões do “subconsciente da internet”. Pesquisadores apontam que o Truth Terminal representa o dilema entre segurança e aceleração da IA: uns pedem cautela, outros defendem liberdade total. Experimentos recentes mostram que robôs podem influenciar opiniões e até manipular mercados, o que torna urgente discutir ética e controle. Ayrey acredita que o futuro da IA não será apocalíptico, mas cada vez mais “estranho e rápido”, refletindo a fusão entre tecnologia e cultura. Para ele, o alinhamento ético das máquinas depende tanto das IAs quanto dos humanos que as utilizam. 

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