sábado, 23 de agosto de 2025

TRUMP CONTINUA A DENEGRIR A IMAGEM DE QUEM CONDENA SEUS ABUSOS

O governo de Donald Trump impôs na quarta-feira (20) sanções contra dois juízes e dois procuradores do Tribunal Penal Internacional (TPI), ampliando a pressão sobre a corte por sua atuação contra líderes de Israel e investigações envolvendo os EUA.

O TPI classificou as medidas como "um ataque flagrante à independência de uma instituição judicial imparcial".

As sanções incluem bloqueio de ativos e proibição de entrada nos EUA, semelhantes às aplicadas ao ministro Alexandre de Moraes pela Lei Magnitsky.

Entre os alvos está o juiz francês Nicolas Guillou, responsável pelo mandado de prisão contra o premiê israelense Binyamin Netanyahu, em novembro de 2024.

A juíza canadense Kimberly Prost, que autorizou investigações sobre crimes de guerra de soldados americanos no Afeganistão, também foi incluída.

Além deles, foram sancionados os vice-procuradores Nazhat Shameem Khan, de Fiji, e Mame Mandiaye Niang, do Senegal.

O secretário de Estado Marco Rubio disse que os EUA rejeitam a "politização" e o "abuso de poder" do tribunal.

Ele conclamou países aliados a resistirem às "pretensões dessa instituição falida", quando na verdade falido está o governo Trump, ao menos no que se refere a honestidade e defesa do direito do ser humano. 

O TPI, não reconhecido pelos EUA, afirmou que seguirá cumprindo seu mandato "independentemente de pressões ou ameaças".

A corte reiterou apoio a seus funcionários e às vítimas de crimes internacionais.

A França manifestou consternação, destacando que a medida atinge um magistrado francês e viola a independência judicial.

Esta é a segunda rodada de sanções contra integrantes do TPI em menos de três meses.

Neste ano, outros quatro juízes e um procurador já haviam sido alvo dos EUA.

Analistas apontam que a escalada pode prejudicar processos relevantes, como as denúncias contra a Rússia pela guerra na Ucrânia.

Em fevereiro, Trump assinou decreto acusando o TPI de "ações ilegítimas" contra EUA e Israel.

No fim de 2024, o tribunal expediu mandados de prisão contra Netanyahu, Yoav Gallant e Mohammed Deif, líder militar do Hamas.

Os três foram acusados de graves violações na guerra entre Israel e Hamas.

As medidas americanas ampliam a tensão entre Washington e a corte internacional. 

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