Fantasma de Epstein assombra Trump mais do que nunca
Especulações sobre ligação do presidente americano com magnata que se matou numa cela em 2019 provocam disputa política
A história da política americana registra episódios em que cadáveres insepultos assombraram figuras poderosas, mas usualmente o impacto decresce com o tempo. Com Donald Trump, como é a praxe, as regras não se aplicam.
O presidente dos Estados Unidos está há semanas tentando se livrar de um caso em teoria encerrado em 2019, quando Jeffrey Epstein foi achado enforcado na cela em que aguardava julgamento, em aparente suicídio.
Magnata do setor financeiro, Epstein foi acusado de ser um dos mais influentes traficantes de mulheres, abusador de menores e promotor de festas sexuais nos EUA. Um de seus clientes mais famosos foi o príncipe Andrew, ostracizado na família real britânica após fazer um acordo para não ser julgado.
Com origens nova-iorquinas e personalidades semelhantes, não demorou para Trump e Epstein virarem amigos. Por 15 anos, frequentaram festas e viagens, rompendo em 2004. Depois disso, não há registro de contato entre eles.
Epstein foi preso duas vezes, e Trump nunca foi citado nesses processos. Os fumos tóxicos, porém, permaneceram no ar, muito por culpa do republicano, que passou a acusar políticos do rival Partido Democrata de estarem na notória "lista de Epstein", que traria clientes do falecido.
Disse que a administração de Joe Biden havia acobertado a apuração. Eleito, passou a esquecer o assunto, até que o ex-aliado Elon Musk sugeriu que o presidente estava na lista.
No começo de julho, revisão do Departamento de Justiça sobre o caso descartou a tal listagem, e Trump causou a ira de apoiadores ao dizer que o documento seria uma invenção democrata.
Tentou então ganhar tempo e solicitou à Procuradoria a divulgação dos documentos que julgar críveis, o que ainda não ocorreu. A Justiça negou revelar alguns autos. Os republicanos anteciparam o recesso parlamentar a fim de evitar moção para obrigar a liberação e convocar a ex-namorada de Epstein, condenada a 20 anos de cadeia, para depor.
O presidente deu sinais de incômodo, rompendo com o até então próximo The Wall Street Journal por ter citado a suposta existência de um bilhete de parabéns pelos 50 anos de Epstein, feito em 2003 por Trump, que alude a segredos compartilhados e é adornado com desenho de mulher.
Enquanto isso, tenta mudar o enfoque para supostas manipulações do governo de Barack Obama no relatório que indicou que os russos interferiram no pleito em que Trump foi eleito em 2016. Nada indica que dará certo.
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