terça-feira, 30 de dezembro de 2025

TRUMP QUER ETERNIZAR SEU NOME

Trump quer marcar seu nome na HistóriaO Kennedy Center, principal sala de espetáculos de Washington, foi rebatizado como Trump-Kennedy Center. A decisão, por unanimidade, originou-se do conselho, nomeado por Trump; chama a atenção o fato de sair em primeiro lugar o nome de Trump. O presidente americano copia práticas antigas romanas, quando buscava-se retirar o nome atual e propunha o imperador do momento. George Orwell assegurava que quem controla o presente controla o passado. Trump não apaga completamente, mas acrescenta — apropriando-se do passado para se coroar no presente. É a privatização simbólica do espaço público. O método ecoa práticas recentes no Ocidente: derrubar estátuas, rebatizar ruas, “descolonizar” currículos e reescrever obras para agradar sensibilidades atuais. Quem condena Trump, mas aplaudiu esse vandalismo, precisa rever a coerência.

São duas faces do mesmo abuso: iconoclastia negativa e iconoclastia positiva. Ambas nascem do presentismo, conceito formulado por François Hartog. O presente vira critério absoluto de sentido. O passado passa a ser julgado e condenado pelos valores de hoje. E o futuro também é negado, pois só existe um presente narcísico. Trump antecipa o julgamento da posteridade — como se ela não existisse. Fanáticos gritam: “este nome não merece estar aqui”. Outros respondem: “este nome tem de estar aqui”. Todos veem o espaço público como campo de batalha cultural. O preço é político: a democracia depende da ideia de futuro. Sem horizonte, restam crises permanentes, ansiedade e moralização simbólica. Eliminados passado e futuro, sobram apenas as neuroses do presente. 

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