RADAR JUDICIAL

SEM JULGAMENTO, EUA MATOU MAIS DE 60 PESSOAS

O secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, afirmou hoje, 2, que militares americanos atacaram uma embarcação de uma organização de tráfico de drogas no Caribe, matando três homens a bordo. A operação, ordenada por Donald Trump e realizada em águas internacionais, mirou um barco usado para contrabando de narcóticos, sem feridos entre os americanos. O Comando Sul (Southcom), responsável pelas ações militares dos EUA na América Latina, divulgou imagens de fuzileiros realizando exercícios de tiro real no mar do Caribe. Segundo a unidade, as forças atuam em apoio à missão do Southcom, sob direção do Departamento de Guerra, nome que Trump quer dar ao atual Pentágono. Os EUA intensificaram há quase um mês operações militares em águas internacionais, elevando tensões com a Venezuela. Mais de 60 pessoas já morreram em bombardeios americanos no Caribe e no Pacífico contra embarcações suspeitas de tráfico. Governos da região, opositores e juristas criticam as ações, alegando que violam o direito internacional. Eles lembram que ataques só são permitidos em casos de perigo iminente ou conflito armado. Fora dessas condições, afirmam, as ações configuram execuções ilegais.

BRASILEIROS PRESOS NA ARGENTINA

Três brasileiros foram presos na província argentina de Misiones na sexta-feira (31/10). Segundo a polícia local, eles são do Rio de Janeiro e teriam entrado ilegalmente na Argentina. As autoridades investigam possível ligação com uma “facção narcocriminal”. Dois têm antecedentes por tráfico de drogas e o terceiro por ferimentos, o que levou à ativação de protocolos de cooperação internacional para verificar mandados de prisão. Os homens, de 25, 23 e 35 anos, moram em Rio das Ostras (RJ) e estavam sem documentação válida. A Polícia de Misiones mantém contato com forças brasileiras para checar alertas internacionais. Eles seguem detidos sob rigoroso esquema de segurança até decisão judicial. A prisão ocorre dias após a Operação Contenção no Rio, que prendeu mais de 100 pessoas e deixou 121 mortos, entre eles quatro policiais. 

ATAQUE COM FACA NA INGLATERRA

Dez pessoas foram esfaqueadas em um trem que seguia de Doncaster, no norte da Inglaterra, para Londres, na madrugada de hoje, 2. A polícia prendeu dois suspeitos em Huntingdon, onde o trem parou em emergência. Nove vítimas tiveram ferimentos graves. As autoridades descartaram terrorismo. “Não há indícios de que tenha sido um ataque terrorista”, disse o superintendente John Lovelace. O ministro da Defesa, John Healey, classificou o caso como isolado. Os detidos são um homem negro de 32 anos e outro de ascendência caribenha de 35, ambos britânicos. Quatro feridos já receberam alta, e dois estão em estado crítico. Testemunhas relataram cenas de pânico. “Olhei para a cadeira e havia sangue por todo lado”, disse Olly Foster à BBC. A polícia científica ainda trabalha no local, e a LNER pediu que passageiros evitem viagens. O premiê Keir Starmer chamou o caso de “terrível e preocupante”. A ministra do Interior, Shabana Mahmood, pediu que a população evite especulações nas redes sociais para conter rumores.

ISRAEL VIOLA CESSAR FOGO

Israel afirmou ontem, 1º, que os três corpos recebidos do Hamas na sexta-feira (31) não pertencem a nenhum dos 11 reféns ainda não devolvidos. A análise foi feita no instituto forense de Abu Kabir, em Tel Aviv. O Hamas alegou ter oferecido amostras para testes antes da entrega, mas Israel recusou. No mesmo dia, o Exército israelense realizou novos ataques aéreos na Faixa de Gaza, acusando o grupo de violar o cessar-fogo firmado em 10 de outubro. O acordo prevê a devolução de todos os reféns em troca da libertação de prisioneiros palestinos. O Hamas libertou 20 sobreviventes, mas atrasou a entrega de corpos, o que tem aumentado a pressão sobre o governo israelense. Até agora, 17 dos 28 corpos foram devolvidos. Segundo a ONU, 78% das estruturas em Gaza foram destruídas, o que dificulta a localização dos corpos. Restam 11 cadáveres, entre eles os de dois estrangeiros e um soldado morto em 2014. Israel acusa o Hamas de atrasar propositalmente as devoluções, enquanto o grupo afirma estar disposto a continuar as buscas. A situação humanitária em Gaza é crítica, com falta de comida e água. O cessar-fogo inclui a formação de uma força internacional para supervisionar a retirada israelense. Neste sábado, os EUA relataram que supostos agentes do Hamas saquearam um caminhão de ajuda humanitária perto de Khan Yunis.

RENDIMENTO NO SETOR PÚBLICO 

O rendimento médio no setor público é 71,7% maior que no privado (excluídos domésticos), segundo o Censo 2022 do IBGE. Os ganhos médios eram de R$ 4.131 e R$ 2.406 — ou R$ 4.741 e R$ 2.761 corrigidos pela inflação. A conta inclui servidores concursados, temporários e empregados de estatais, mas exclui militares e bombeiros. Não há comparação direta com o Censo de 2010, pois os dados eram agrupados. A diferença considera todos os profissionais dos setores, e não cargos equivalentes. Segundo o economista Fernando Martins, cargos públicos não têm correspondência no setor privado, o que dificulta a comparação. Estudo do Ipea mostra que, mesmo controlando escolaridade e experiência, servidores ganham mais. Martins ressalta a heterogeneidade: servidores municipais podem ganhar menos que privados, enquanto os de outras esferas ganham mais. O diferencial tende a cair quando a economia cresce, pois o setor privado reage mais rápido. Com o desemprego em 5,6%, a expectativa é de menor diferença. Ciclos eleitorais ampliam o “prêmio” salarial do setor público. Servidores civis representam 12,7% dos trabalhadores. Mulheres são maioria (59,6%) no serviço público, concentradas em áreas como saúde e educação, mas ganham 29,6% menos que os homens.

Salvador, 2 de novembro de 2025.

Antonio Pessoa Cardoso

Pessoa Cardoso Advogados.