terça-feira, 11 de novembro de 2025

GOVERNO TRUMP CONTRA REDUÇÃO DA POLUIÇÃO

No mês passado, mais de cem países estavam prontos para aprovar um acordo histórico para reduzir a poluição gerada por navios de carga, quando os Estados Unidos lançaram uma ofensiva de pressão descrita por diplomatas como “extraordinária”. Um embaixador asiático foi avisado de que seus marinheiros não poderiam mais desembarcar em portos americanos se apoiasse o plano. Delegações caribenhas receberam ameaças de sanções e inclusão em listas negras. O secretário de Estado, Marco Rubio, chegou a ligar pessoalmente a líderes estrangeiros para reforçar as advertências. Segundo nove diplomatas, as ameaças —como tarifas, sanções e revogação de vistos— inviabilizaram o acordo. A Casa Branca e o Departamento de Estado negaram ter intimidado representantes, mas confirmaram oposição à medida, alegando que a taxa marítima prejudicaria a economia dos EUA. Um funcionário americano afirmou que o país atuou junto à Arábia Saudita para derrotar a proposta. 

Diplomatas relataram “ameaças agressivas e pessoais”, especialmente a países pequenos e dependentes economicamente dos EUA. O plano previa uma taxa sobre embarcações altamente poluentes, negociada há anos pela Organização Marítima Internacional (OMI). Após a pressão, diversos países recuaram, e a votação foi bloqueada. Para o ex-diplomata David Goldwyn, as táticas do governo Trump foram “desproporcionais”. Já o senador democrata Sheldon Whitehouse comparou a ofensiva a “uma gangue quebrando vitrines”. O episódio ocorre enquanto líderes mundiais se reúnem em Belém (PA) para negociações climáticas da ONU, sem presença americana de alto escalão. Trump mantém oposição a políticas climáticas globais e ao Acordo de Paris, chamando o aquecimento global de “farsa”. A Casa Branca afirmou que os EUA apenas esclareceram as consequências de apoiar a taxa, como restrições de vistos e tarifas. Rubio e outros secretários intensificaram os avisos antes da votação, prometendo retaliar países favoráveis ao plano. Em 17 de outubro, os países decidiram adiar a decisão por um ano, o que na prática enterrou o acordo. Após o resultado, Rubio elogiou a “coalizão” formada e avisou que, se a proposta voltar, os EUA estarão prontos para bloqueá-la novamente. 

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