Uma mulher chinesa, Qian Zhimin, acusada de comprar criptomoedas avaliadas em bilhões de dólares com dinheiro desviado de aposentados chineses, aguarda sentença no Reino Unido. O caso envolve uma das maiores apreensões de criptomoedas do mundo. Mais de 100 mil chineses investiram na empresa de Qian, a Lantian Gerui, que prometia lucros com mineração de bitcoin e produtos tecnológicos, mas era um golpe. O esquema movimentou mais de 40 bilhões de iuanes (R$ 31,6 bilhões), segundo o Ministério Público britânico. Qian fugiu para o Reino Unido em 2017 com passaporte falso e alugou uma mansão em Londres, pagando R$ 120 mil mensais. Apresentava-se como herdeira milionária e usava uma assistente para converter criptomoedas em dinheiro e bens. Em 2023, a assistente Wen Jian foi condenada a seis anos de prisão por lavagem de dinheiro. Ela contou que Qian passava os dias comprando online e planejando novos golpes, como fundar um banco e comprar um castelo na Suécia. A fraude prometia lucros de até 200% e atraía idosos com apelos patrióticos e poemas sobre amor e responsabilidade social. Investidores recebiam bônus por recrutar novos participantes, em típico esquema de pirâmide.
Qian chegou a realizar eventos no Grande Salão do Povo, em Pequim, com figuras ligadas ao ex-presidente Mao Tsé-tung, o que deu legitimidade à fraude. Quando a polícia chinesa começou a investigar, em 2017, os pagamentos pararam. Qian subornou gerentes para acalmar investidores e fugiu com as criptomoedas. A polícia britânica descobriu discos rígidos com dezenas de milhares de bitcoins — a maior apreensão do país. Em julgamento, Qian admitiu ter adquirido e possuído criptomoedas ilegalmente. Investidores esperam recuperar parte do dinheiro apreendido, mas o processo civil que decidirá o destino dos fundos só deve avançar no próximo ano. O dinheiro não reclamado pode ser transferido ao Tesouro britânico. Muitos investidores perderam tudo; alguns, como o senhor Yu, relataram divórcios e ruína financeira.
Outros ficaram sem recursos para remédios e alimentação. Yu escreveu um poema em homenagem a uma das vítimas, encerrando com os versos: “Sejamos pilares, sustentando o céu / Em vez de ovelhas, guiadas e enganadas / Aos que sobrevivem — lutem mais / Para que possamos reparar esta grave injustiça.”

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