quinta-feira, 30 de outubro de 2025

ONDAS DE RÁDIO

Ondas de rádio são um tipo de luz, embora geralmente associadas apenas ao som. Assim como diferentes comprimentos de onda da luz visível formam cores distintas, as frequências de rádio também podem ser tratadas como “cores”. Com base nessa ideia, astrônomos criaram a maior imagem em cores de rádio de baixa frequência da Via Láctea, publicada na revista Publications of the Astronomical Society of Australia (PASA). Durante 18 meses, a doutoranda Silvia Mantovanini, da Universidade Curtin, combinou dados dos levantamentos GLEAM e GLEAM-X, feitos pelo telescópio Murchison Widefield Array (MWA), na Austrália Ocidental. O resultado tem o dobro da resolução e do tamanho, além de dez vezes mais sensibilidade que o mapa de 2019. A imagem reúne vasta quantidade de informações que podem revelar novos detalhes sobre a estrutura e a evolução da Via Láctea. “Essa imagem oferece uma perspectiva sem precedentes da nossa galáxia em baixas frequências de rádio”, disse Mantovanini. “Ela ajuda a entender como as estrelas se formam, interagem e morrem.”

O foco do trabalho está nos remanescentes de supernovas, nuvens de gás deixadas por estrelas que explodiram. As ondas de rádio são a melhor forma de identificá-las. Ao comparar a nova imagem com registros de luz visível, é possível ver grandes círculos vermelhos de antigas explosões estelares e áreas azuladas onde novas estrelas estão surgindo. Segundo os pesquisadores, essa será a principal referência de observação da galáxia por muitos anos. “Somente o futuro radiotelescópio SKA-Low, a ser concluído na próxima década, poderá superá-la”, afirmou a professora Natasha Hurley-Walker. O Observatório SKA, dividido entre a África do Sul e a Austrália, terá mais de 131 mil antenas distribuídas por 74 quilômetros, capazes de monitorar continuamente o céu e criar mapas ainda mais detalhados da Via Láctea. 

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