segunda-feira, 1 de setembro de 2025

RADAR JUDICIAL

DEPUTADO CONDENADO POR DANOS MORAIS

O deputado federal por Santa Catarina Zé Trovão (PL) foi condenado a pagar R$ 50 mil por danos morais à ex-companheira, decisão da juíza Karen Francis Schubert. A mulher relatou agressões físicas, violência psicológica e difamações entre 2019 e 2023. O ponto central foi uma entrevista na qual o deputado admitiu tê-la agredido, alegando reação a uma suposta agressão. Ela também o acusou de divulgar informações falsas sobre problemas com álcool e de usar influência política para afastá-la do PL Mulher. A defesa alegou imunidade parlamentar e liberdade de expressão. A assessoria do deputado disse que a decisão tem caráter político e é desproporcional. A juíza destacou que não há amparo jurídico para violência física em relações íntimas. Citou ainda mensagens em que ele confirma ter usado influência para retirá-la da presidência partidária. Zé Trovão foi eleito deputado federal em 2022 com 71.140 votos. Aliado de Bolsonaro, já foi preso em 2021 por descumprir ordens judiciais.

GPS DE PRESIDENTE TEM INTERFERÊNCIA RUSSA

O sistema de GPS do avião da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, foi bloqueado durante voo para a Bulgária no domingo (1º). Autoridades europeias suspeitam de interferência da Rússia. Apesar da falha, a aeronave pousou em segurança no aeroporto de Plovdiv. Os pilotos precisaram recorrer a mapas de papel após perderem os sistemas de navegação. A porta-voz da UE classificou o episódio como parte da “guerra híbrida” russa. O incidente ocorre em meio a visita de Ursula a países que fazem fronteira com a Rússia. Ela tem se posicionado de forma dura contra Vladimir Putin. Na Bulgária, Ursula discutiu segurança e defesa diante das ameaças russas. O Kremlin negou envolvimento no bloqueio de GPS. A visita reforça o esforço europeu por maior prontidão militar na região.

ADVOGADO SEM PONTO ELETRÔNICO 

A Vara da Fazenda Pública de Lages concedeu mandado de segurança a procurador municipal contra a exigência de ponto eletrônico. A decisão foi confirmada pela 4ª Câmara de Direito Público do TJSC. O colegiado entendeu que a obrigatoriedade não se aplica à advocacia pública. O relator destacou respaldo no artigo 7º do Estatuto da OAB (Lei nº 8.906/94). O STF já reconheceu a incompatibilidade entre ponto eletrônico e atividade de advogados públicos. A função exige flexibilidade de horários e independência técnica. Precedentes semelhantes já haviam sido julgados pelo TJSC. O estágio probatório não afasta esse entendimento, segundo o acórdão. A avaliação de produtividade pode ser feita por relatórios e desempenho funcional.
Assim, a concessão da segurança foi mantida por unanimidade.

FUX DEVERÁ DIVEGIR DE MORAES

O ministro Luiz Fux deve consolidar divergências em relação a Alexandre de Moraes no julgamento da trama golpista de 2022, que pode condenar Jair Bolsonaro e outros réus. Apesar disso, são baixas as chances de ele pedir vista, o que suspenderia o julgamento. Fux já divergiu de medidas de Moraes contra Bolsonaro, como a tornozeleira eletrônica e a proibição de uso das redes sociais. Para ele, não houve tentativa de fuga do ex-presidente e a restrição à internet fere a liberdade de expressão. O ministro também questiona a delação de Mauro Cid, vista como frágil pela defesa dos réus. Em plenário, defendeu diferenciar atos preparatórios de execução, rejeitando tratar tentativa de golpe como crime consumado. Sustenta que o Supremo não deveria julgar o caso, já que os réus não têm foro especial. Critica penas exacerbadas e já propôs reduzir condenações, como no caso da cabeleireira sentenciada a 14 anos. Pode defender que os crimes de tentativa de golpe e abolição violenta não sejam somados, resultando em penas menores. Sua trajetória no STF alterna aproximações e críticas a Bolsonaro, mantendo postura independente no tribunal. 

PENSÃO ALIMENTÍCIA, MESMO APÓS OBRIGAÇÃO FORMAL 

O STJ decidiu que ex-mulher tem direito a seguir recebendo pensão do ex-marido, mesmo após 25 anos do fim da obrigação formal. A 3ª Turma aplicou o instituto da supressio, que ocorre quando um direito deixa de ser exercido por longo período, tornando-se esvaziado. O casal firmou acordo em 1993 com duração de um ano, mas o ex-marido continuou pagando espontaneamente até 2018. Ele então ajuizou ação para se exonerar, alegando doença e aumento de gastos médicos. A Justiça do Rio de Janeiro aceitou o pedido e suspendeu os pagamentos. A ex-mulher recorreu, alegando idade avançada, enfermidade e impossibilidade de voltar ao mercado de trabalho. O STJ reconheceu a legítima expectativa criada após 25 anos de pagamentos contínuos. A ministra Nancy Andrighi destacou que houve supressio para o ex-marido e surrectio para a ex-mulher. O colegiado considerou ainda a perspectiva de gênero, pois a mulher abdicou da carreira em razão do casamento. Assim, o pagamento da pensão foi mantido.

Salvador, 1º de setembro de 2025.

Antonio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados.


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