TRUMP DEMITE, COOK RESISTE

Trump, o arbitrário, e Cook, a servidora

O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou a demissão imediata de Lisa Cook, membro do Conselho de Governadores do Federal Reserve (Fed), alegando que ela apresentou informações falsas sobre contratos imobiliários. A medida é inédita na história americana e deve gerar disputas jurídicas. Cook afirmou que Trump não tem autoridade legal para removê-la e que não renunciará. Seu advogado classificou a ação como ilegal e prometeu recorrer à Justiça. O Fed ainda não se pronunciou oficialmente. Na carta publicada em sua rede Truth Social, Trump acusou Cook de fraude hipotecária por declarar residências diferentes como principais em curto intervalo de tempo. A acusação partiu inicialmente de Bill Pulte, aliado de Trump, que pediu investigação ao Departamento de Justiça. Cook, indicada por Joe Biden em 2022 e primeira mulher negra no cargo, disse que as alegações referem-se a um empréstimo feito anos antes e que não pretende ceder à pressão política.

A demissão ocorre em meio à pressão crescente de Trump sobre o Fed e seu presidente, Jerome Powell, por cortes mais rápidos nas taxas de juros. Trump já ameaçou destituir Powell, a quem chamou de “idiota” e “imbecil teimoso”. Powell, no entanto, sinalizou recentemente que pode haver redução dos juros em setembro, apesar das tarifas de Trump exercerem efeito inflacionário temporário. Especialistas alertam que, se confirmada, a decisão pode comprometer a independência do Fed, conquistada em 1951, e afetar a confiança internacional no sistema financeiro dos EUA. No mercado, o dólar caiu na Ásia após o anúncio, com investidores avaliando que o substituto de Cook poderia alinhar o Fed às pressões da Casa Branca. Analistas temem que um conselho remodelado por Trump siga interesses políticos, enfraquecendo a credibilidade da instituição. “Não vou renunciar. Continuarei cumprindo minhas funções para fortalecer a economia americana”, reafirmou Cook.