O ministro do STF, Alexandre de Moraes, concedeu entrevista ao jornal norte-americano The Washington Post, que o descreveu como “o juiz que se recusa a ceder à vontade de Trump”.
Na conversa, relatou que estava assistindo a um jogo do Corinthians quando soube que Jair Bolsonaro havia descumprido ordem judicial de não usar redes sociais.
Diante da infração, decretou a prisão domiciliar do ex-presidente, que será julgado nas próximas semanas por tentativa de golpe de Estado.
Moraes afirmou que sanções impostas pelos Estados Unidos não influenciam o processo.
“Não há a menor chance de recuarmos nem um milímetro sequer”, disse.
Ele destacou que os EUA nunca enfrentaram um golpe, ao contrário do Brasil, marcado por ditaduras e tentativas de ruptura democrática.
Segundo o ministro, essa experiência fortaleceu os “anticorpos democráticos” do país.
“Faremos a coisa certa: analisar provas e decidir entre condenação ou absolvição”, declarou.
Moraes foi sancionado pelo governo Trump com a perda do visto e enquadrado na Lei Magnitsky.
A norma proíbe transações com instituições financeiras ligadas aos EUA.
Ele reconheceu o desconforto: “É claro que não é agradável. Todo constitucionalista admira os EUA”.
No entanto, criticou o efeito de “narrativas falsas” e desinformação sobre a relação entre os dois países.
Para o magistrado, a estratégia do Brasil é esclarecer e enfrentar esse tipo de manipulação.
“Essas narrativas envenenaram a relação bilateral”, disse.
Ainda assim, reforçou que o Judiciário seguirá independente diante de pressões externas.
Segundo ele, a investigação contra Bolsonaro não tem prazo para terminar.
“Enquanto for necessário, a investigação vai continuar”, concluiu.
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