sábado, 30 de agosto de 2025

ESCÂNDALO NA ARGENTINA PODE INFLUIR NAS ELEIÇÕESS

A divulgação de áudios, que revelam suposto esquema de corrupção na compra de medicamentos e envolvem Karina Milei, irmã do presidente, desencadeou a maior crise do governo até agora. As gravações, atribuídas ao ex-diretor da Andis, Diego Spagnuolo, dominam o debate público. Empresários da Drogaria Suizo Argentina também são investigados, e a polícia realizou buscas em sedes da agência. Uma auditoria do próprio governo apontou sobrepreço de quase 30% em compras. O caso estoura às vésperas das eleições legislativas na província de Buenos Aires, onde Milei disputa forças com o governador Axel Kicillof. O pleito é visto como prévia da eleição nacional de outubro. Analistas avaliam que o desgaste do presidente é visível. A crise se soma à fragilidade econômica, que já reduzia o fôlego do Executivo nas urnas. Para o cientista político Miguel De Luca, “a economia ruim potencializa o impacto do escândalo”. Milei acumula derrotas no Congresso, tendo perdido 16 de 17 votações desde abril. O ataque com pedradas contra o presidente em campanha foi considerado irrelevante diante da crise.

Pesquisas apontam conhecimento quase total da população sobre o caso (94,5%), sendo que 73,2% o consideram grave. Mais de 60% atribuem responsabilidade a Javier e Karina Milei. Segundo a cientista política Lara Goyburu, em cenários polarizados, o voto tende a se manter, mas há deterioração na percepção sobre o governo. A oposição compara o escândalo ao caso da festa de Alberto Fernández em Olivos, em 2021. O deputado opositor Christian Castillo afirma que Milei perde credibilidade ao se apresentar como “anticasta” e agora enfrentar denúncias de propinas. Spagnuolo já designou advogado próprio, rompendo com a Casa Rosada. Novos áudios e a possibilidade de colaboração de ex-assessores de Milei ampliam a preocupação do governo, que tenta responsabilizar apenas o ex-diretor da Andis. 

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