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segunda-feira, 13 de novembro de 2017

OESTE ESTÁ COM CORRENTINA

A população de Correntina saiu às ruas, no sábado, 11/11, para protestar contra os danos ambientais que empresários vem causando com o desvio da água do rio que abastece a região, através de intensa irrigação, apesar do baixo volume das águas. Nessa manifestação estiveram presentes o arcebispo de Bom Jesus da Lapa, Dom João Santos Cardoso, o juiz Leonardo Hernandez Santos Soares, da Justiça Federal, em Bom Jesus da Lapa, muitos prefeitos, vereadores e outras autoridades, além de 8 mil pessoas. 

Num primeiro momento, e dado o alarme dado pela imprensa, imaginou-se que fosse obra dos Sem Terra, mas, na verdade, o protesto é de toda a população do município de Correntina que conta com o apoio de todo o Oeste da Bahia, iniciando por Barreiras e passando por todas as cidades até Correntina. 

Os moradores da cidade asseguram que a depredação da natureza no município por parte dos empresários não é de agora, mas há décadas dizimam as nascentes, veredas, mananciais e rios que formam o Rio Corrente, importante alimentador do Rio São Francisco e fornecedor de água para toda a região que fica nas proximidades do Rio Corrente: Correntina, Jaborandi, Coribe, Santa Maria da Vitória, São Félix do Coribe, Canápolis, Santana, Serra Dourada, Tabocas do Brejo Velho e Brejolândia. 

O agronegócio retira do rio Arrojado 106 milhões de litros por dia, enquanto o Sistema Autônomo de Água e Esgoto de Correntina, SAAE, utiliza duas bombas d’água para abastecer 7 mil residência em Correntina com o consumo de 3 milhões de litros. Isso se repete com os municípios acima e com os moradores na zona rural. 

Os correntinenses e toda a região está bastante insatisfeita com o governo do Estado que “tem ciência desses problemas há vários anos, mas não resolve”; ao invés de ouvir os trabalhadores da zona rural, os geraiseiros e ribeirinhos, preferiu criminalizar os movimentos sociais com ação policial contra os manifestantes, mandando para Correntina mais de 300 militares e helicóptero, além de proteger o agronegócio, sem se importar com os danos aos moradores da região. 

A Polícia continua ouvindo o povo para descobrir os autores da destruição ocorrida na fazenda Igarashi, mas o governo não se preocupa em ouvir os ribeirinhos e constatar o desvio das águas do rio, prejudicando o abastecimento de quase toda a região Oeste da Bahia. 

Não foi a toa que a OAB/Santa Maria da Vitória, consciente de sua responsabilidade, lançou Nota de apoio à comunidade de Correntina, na busca de direitos violados.

Salvador, 13 de novembro de 2017.

Antonio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados.

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