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domingo, 20 de julho de 2014

JOÃO UBALDO NUNCA RENEGOU ITAPARICA

João Ubaldo nasceu na ilha de Itaparica, em 23 de janeiro de 1941 e, nesse mês, deixava sempre o Rio de Janeiro para comemorar a data com os itaparicanos. Estudou no Colégio da Bahia e graduou-se em Direito pela Universidade Federal da Bahia; fez mestrado em administração pública e tornou-se professor universitário.

Bacharel em Direito, por ingerência do pai, mas suas atividades desenvolveram-se noutras áreas, jornalismo, magistério, escritor e grande cronista. Sua estreia no jornalismo deu-se no antigo Jornal da Bahia, em 1957; em 1964, conseguiu bolsa de estudos, junto à Embaixada americana, e fez mestrado em Administração Pública e Ciências Políticas na Universidade da Califórnia do Sul. Nessa época, o movimento revolucionário tinha João Ubaldo como esquerdista, e, sem saber que estudava nos Estados Unidos, foi divulgada sua fotografia com a nota de “Procura-se”.

Retorna dos Estados Unidos em 1965 e ensina Ciências Políticas na Universidade Federal da Bahia, onde ficou por 6 (seis) anos até desistir da vida acadêmica e retornar ao jornalismo, no jornal  “Tribuna da Bahia”, onde se tornou editor-chefe; em 1979, é professor convidado do International Writing Program da Universidade de Iowa; em 1990, João Ubaldo deixa o país com a família e ruma para Berlim, a convite da Deutsch Akademischer Austauschdlenst, onde ficou por pouco mais de um ano. Escreve para o jornal Frankfurter Rundschau.

Em 1981, vai para Lisboa com a família, motivado por uma bolsa obtida junto à Fundação Calouste Gulbenkian. No retorno, fixa residência no Rio de Janeiro e torna-se colunista do jornal “O Globo” e do “Estado de São Paulo”, onde semanalmente publica uma crônica. Reune coletânea de suas publicações da época e lança, em 1988, o livro “Sempre aos domingos”.

A primeira obra de João Ubaldo foi “Setembro Não Tem Sentido”, em 1962, e contou com o apoio de Jorge Amado para sua edição; com Sargento Getúlio, 1971, recebeu o prêmio  “Jabuti”, na categoria revelação de autor; o coronelismo é o tema e o enredo passou para as telas do cinema.

Em 1984, lança “Viva o Povo Brasileiro”, Prêmio Jabuti e Golfinho de Ouro, em 1985, e Camões, em 2008; narra a história do Brasil, através da abolição da escravatura, proclamação da República, o golpe de 1964, de forma crítica e satírica; busca a identidade do brasileiro. Essa obra foi traduzida e lançada na Espanha, na Alemanha e na França. Em 1987, é homenageado na Marques de Sapucaí, pela escola Império da Tijuca com o samba enredo baseado em “Viva o Povo Brasileiro”.

Em 1989 publica “O Sorriso do Lagarto” que virou minissérie, exibida na Rede Globo em 1991.

Foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, em 1993, ocupando a cadeira que antes era do cronista político, Carlos Castelo Branco; em 2012, conquistou a vaga de Cláudio Veiga na Academia de Letras da Bahia. 

Outros livros e outras homenagens, João Ubaldo obteve na vida triunfante de escritor.

Conseguia enredo para suas crônicas, em Itaparica, onde tinha fiéis amigos e concebia personagens: Bernardino Fernandes, 82 anos, o Espanha, Antonio Joaquim da Silva, o Toinho Sabacu, Zecacomunista; Seu Bartolomeu, o Bartola, Margarida Prack, rainha de Sabá.  

Casou-se em 1960 com Maria Beatriz Moreira Caldas, sua colega na Faculdade de Direito e separou-se 9 (nove) anos depois; em 1969, novo casamento com a historiadora Mônica Maria Roters, com quem teve duas filhas; o segundo casamento acabou em 1978; em 1980, casa-se pela terceira vez com a fisioterapeuta Berenice de Carvalho Batella, com quem viveu até a morte; dessa união nasceram mais 2 (dois) filhos.

João Ubaldo vivia as alegrias e dificuldades do povo de sua terra; assim é que não se omitiu na polêmica travada acerca da construção da ponta Salvador/Itaparica. Em entrevista a um jornal declarou: “Essa ponte nuna vai ser construída. Contra ela, há diversos argumentos. A prioridade de uma ponte dessa, diante do acúmulo das necessidades do País, é baixíssima”. O contrato para elaboração do projeto de engenharia foi assinado pelo atual governo, mas há muita resistência para sua construção; recentemente, os jornais noticiaram que um dos candidatos ao governo, pela oposição, manifestou-se contra essa obra. 

Salvador, julho/2014

Antonio Pessoa Cardoso

PessoacardosoAdvogados

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